A tecnologia mudou a nossa forma de viver e se divertir. E há quem tenha unido a diversão ao trabalho, como os atletas de eSports. Essa modalidade esportiva se popularizou bastante nas últimas décadas e, hoje, é um negócio que movimenta bilhões de dólares em todo o mundo.
Entretanto, o foco deste artigo não é apenas exaltar o jogo em si, mas quem faz parte dele e com bastante talento: as mulheres no eSport. Conquistando cada vez mais espaço e notoriedade, elas mostram que os jogos eletrônicos são para todo mundo.
Vamos conhecer um pouco mais sobre eles?
Os eSports são esportes eletrônicos, que consistem em competições de jogos online. Eles podem ser acompanhados física ou virtualmente, em plataformas de streaming ou TV. Seu engajamento é tão consistente que já há estudos apontando um crescimento de 70% nos próximos quatro anos.
Em relação ao público, a modalidade é mais assistida em regiões como a Ásia, que representa mais de 50%, mas a América Latina tem se destacado em segundo lugar, de forma promissora. Esse aumento foi impulsionado pela pandemia. Com o isolamento social, mais pessoas conheceram e passaram a se dedicar ao esporte, seja acompanhando ou jogando.
Essa modalidade nasceu há cinquenta anos, nos Estados Unidos, e era protagonizada por universitários. A premiação era simbólica — um ano de assinatura da Revista Rolling Stones — e o jogo era o Spacewar, um dos primeiros que foram lançados. Na década de 80, o esporte já contava com milhares de participantes e apresentava sua primeira competição em larga escala.
Nos anos seguintes, com a chegada da Internet, os eSports só cresceram. Em 2010, aconteceram mais de 150 torneios. No Brasil, a popularização se deu por meio das lan houses. A acessibilidade a uma rede rápida e de qualidade proporcionou esse sucesso e se tornou um negócio bastante lucrativo.
Naturalmente, as mulheres também tiveram sua contribuição para o crescimento desse esporte. De acordo com a Games Brasil, em 2019, elas já eram maioria entre os jogadores de videogame no Brasil. Por outro lado, esse número não se repete entre os profissionais.
Assim como no futebol, a participação de mulheres nos eSports nem sempre é reconhecida ou remunerada como se deve. Os fatores que levam a isso funcionam, inclusive, como um desestimulante para que mais delas conheçam e se interessem em atuar no ramo. Mas quais são eles?
Infelizmente, não é uma marca registrada dessa modalidade. Em outros esportes, como o futebol, o espaço das mulheres é reduzido. Uma demonstração disso foi a primeira edição da Copa do Mundo feminina, que só aconteceu na década de 1990 e nem de perto foi noticiada ou patrocinada como a masculina.
No mundo dos videogames, ainda há uma cultura que a atividade é mais voltada para o homem (ou menino), não apenas na execução, mas no desenvolvimento dos jogos, onde se percebe uma presença masculina maior. Esse preconceito leva várias jogadoras a usar nomes neutros, com o objetivo de evitar passar por constrangimentos e ouvir comentários de cunho sexista.
Similar ao tópico anterior, é comum que as mulheres no eSports passem por situações desconfortáveis e tenham seu desempenho no jogo desmerecido simplesmente por serem mulheres. Felizmente, o reporte de denúncias de atos e mensagens de assédio e machismo têm dado mais voz e fortalecido a atuação de times 100% femininos.
Hoje, já é considerada a possibilidade de torneios mistos ou voltados completamente para a competição entre equipes femininas, embora estas não sejam numerosas. Um exemplo é a Athena’s, que conta com mais de 30 jogadoras profissionais, em 5 modalidades de jogos eletrônicos diferentes.
Diferentemente de outros grupos predominantemente masculinos, a Athena’s não tem uma sede própria e suas membras não ganham um salário. Para as mulheres, ainda é quase impossível levar o esporte como um trabalho, pois falta reconhecimento e visibilidade.
Mesmo assim, times como esse já demonstram um avanço na modalidade. Quando ganham um campeonato, as meninas dividem o prêmio entre si e têm direito a acompanhamento psicológico e consultoria de carreira, além de não precisar se preocupar com o transporte até os torneios.
Nos torneios brasileiros, alguns times femininos já são presença garantida. Alguns deles são o INTZ, FURIA, Rebirth, FURY e Black Dragons, que marcam presença em boa parte dos pódios. Ainda, há outras mulheres em quem vale a pena se inspirar, se você vê nos eSports uma perspectiva de atuação no futuro.
Conheça abaixo!
Até 2017, Camilota já tinha uma carreira como atriz, mas tudo mudou quando passou a se dedicar aos eSports, mais especificamente ao League of legends. Atualmente, ela é considerada um dos rostos do Free fire no Brasil e apresenta o LBFF, que é o principal torneio nacional. Sua atuação é tão significativa que ela criou o próprio campeonato: o Camplota, cuja premiação é de R$30 mil e exclusivamente voltado para o público feminino.
Ricki é um dos nomes mais consagrados na categoria dos jogos de luta e já venceu diversos campeonatos. Na luta contra o machismo e o preconceito, ela tem muitas histórias para contar, pois, além de streamer, também é transgênero. A norte-americana venceu a depressão e ganhou milhares de dólares jogando Street fighter.
Conhecida como Milktea no mundo dos eSports, essa mulher teve e tem uma participação importante no segmento. Um de seus principais objetivos é promover a entrada e a consagração de mais representantes femininas no esporte e nos torneios. Ela dá palestras sobre inclusão de gênero, inclusive uma delas foi no TED, onde palestrou sobre suas vivências em um esporte majoritariamente masculino — e como combater o preconceito.
Acompanhar a ascensão de mulheres no eSport, no Brasil e no mundo, é uma demonstração de que elas conquistam, pouco a pouco, um espaço merecido em todas as esferas sociais. Essa representatividade é muito relevante e ainda mais importante é falar sobre o assunto, mesmo que esse caminho seja trilhado devagar.
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